ONG recupera a auto-estima das crianças de Parada de Lucas
Uma ida com o filho de 11 anos a um baile funk na comunidade de Parada de Lucas onde viu crianças dançando ao som de músicas que faziam apologia ao crime, ao uso de drogas e ao sexo sem proteção foi o que motivou a mineira Neuza Nascimento, moradora do Rio de Janeiro há 39 anos, a oferecer uma nova alternativa às crianças que moram na localidade. “Descobri com o tempo que as meninas vão ao salão cortar o cabelo para o baile, os garotos compram tênis e percebi que era simplesmente falta de opção. Pensei em uma solução: tirar as crianças de dentro da comunidade para elas verem outras coisas. Fiz o curso de Liderança Comunitária na UERJ e recebi um convite para o evento UERJ sem Muros e levei um grupo de oito crianças que tiveram o primeiro contato com DST/AIDS”.
Outros eventos culturais foram acontecendo depois desse dia como o Festival de Cinema Nacional e visita a espaços como Piscinão de Ramos, Casa França-Brasil, Museu da Marinha e Centro Cultural dos Correios. Nesses passeios, Neuza sempre recebia doação dos comerciantes de Parada de Lucas para produzir o lanche das crianças, mas um fato a fez despertar e ver que precisava regularizar o projeto: “A SUDERJ me convidou para uma visita ao Maracanã e prometeu dar o lanche. Ia com 13 crianças e, quando faltavam duas horas, a SUDERJ me ligou avisando que não ia ter mais lanche. Me desesperei com aquilo e saí pela favela pedindo só que ninguém queria doar porque eu não tinha um papel da Associação de Moradores”.
A partir daí, Neuza lutou para regularizar sua situação e nascia o CIACAC – Centro Integrado de Apoio à Criança e Adolescente de Comunidades. Devido aos contatos que tinha em vários centros culturais, a ONG começou a receber ajuda de voluntários estrangeiros que vinham de várias partes do mundo, a maioria de estudantes de Letras da Universidade de Nottingham que só vieram a somar com suas experiências. “No começo existiu uma coisa muito mais violenta que timidez diante de um homem branco dominador. Hoje elas descobriram que todo mundo é igual, que estrangeiro caga, fede, tem perfume”. Atualmente o CIACAC oferece aulas de inglês, artes, basquete, capoeira e começou com aulas de yoga no mês de junho. Apesar de não contar com apoio financeiro, Neuza não desiste ao ver que seu trabalho tem dado frutos: “As crianças são muito tímidas e têm uma baixo-estima, mas, de uma maneira ou de outra, eles estão tendo mais noção de si mesmas”.
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