4 de janeiro de 2011

Contemporaneidade de pernas pro ar

Nunca antes na história da arte e da cultura brasileira se viu tantos trabalhos voltados para melhor compreender a alma feminina. O ano de 2010 foi sem dúvida o ano em que as cariocas mostraram sua beleza e ainda houve gente corajosa para tentar responder um dos mais difíceis mistérios da raça humana: Afinal, o que querem as mulheres?

Ah... Mulheres repetidas 98 vezes por Neguinho da Beija-flor e que conseguem ser várias em uma só. Pode ser sensível e frágil como uma flor, mas também pode ser como uma deusa e conquistar até o mais poderoso imperador. Mas tem vezes que essas doidas e santas nos tiram do sério e aí nem adianta pegar o caminho para Marte, afinal até para lá elas estão indo.

Com a televisão, a música e o teatro mostrando a multifacetada figura feminina, o cinema não poderia ficar de fora e nos presenteou com uma deliciosa comédia pelas mãos do diretor Roberto Santucci e da produtora Mariza Leão. Quem preferiu curtir o Natal e o Réveillon em frente à telona saboreou o prazer De pernas pro ar, comédia estrelada por Ingrid Guimarães, Maria Paula e Bruno Garcia que foi inspirada na história real de Erica Rimbaud, vendedora de artigos de sex-shop que oferecia os produtos de porta em porta.


Mais que uma comédia, De pernas pro ar mostra o retrato da mulher contemporânea bem diferente das que eram vistas nos tempos de Simone de Beauvoir. Elas lutaram para terem sua independência e receberem o valor que lhes é devido, mas o filme mostra que essas conquistas têm um preço. Afinal, elas foram trabalhar fora, mas ainda continuam tendo marido, filhos e, às vezes, uma empregada para cuidar.

Alice, personagem de Ingrid, é uma executiva balzaquiana totalmente workaholic e casada com João (Bruno Garcia) que não prioriza muito as necessidades vitais do casamento até que ela perde o emprego e o marido ainda resolve dar um tempo. É nessa fase ruim que ela conhece a descolada Marcela (interpretada por Maria Paula) que lhe apresenta os prazeres do universo desconhecido do sex-shop. Começa aí a guinada na vida e na carreira de Alice nesse verdadeiro país das maravilhas.


Apesar de ser uma história comum, De pernas pro ar nos faz pensar bem sobre essa nova mulher que vimos surgir a partir das lutas feministas e que muitas vezes se vê obrigada a saber ser boa filha, mãe, esposa, amiga e profissional. Ufa! Mas elas não gostam de serem vistas como dignas de pena, são esses desafios que as fazem mais especiais.

Independente de como elas forem, uma coisa é certa: as mulheres ainda querem amar e serem amadas pelo príncipe encantado. Hum... Aqueles contos de fada lidos à noite eram quase uma lavagem cerebral, mas ainda bem que muitas resolveram enfrentar a bruxa má a esperar que o cavaleiro viesse resgatá-las em cima de um alazão. Entretanto, não importa... Por mais evoluída que seja, a mulher necessita ser amada. Não vista como um pedaço de carne ou objeto de decoração, mas como um ser humano que deseja atenção e que reparem quando ela cortar um centímetro da franja. Se Freud estivesse vivo, com certeza ele teria a resposta à sua pergunta. O que as mulheres querem? Elas querem ser amadas e descobrir o prazer nem que seja com um coelho de pelúcia.


Fotos: AdoroCinema.com

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