Tenho que concordar que a novela de Bosco Brasil não conseguiu me conquistar até agora. Um elenco com estrelas do tarimbe de Antônio Fagundes, Eliane Giardini e Marcos Caruso está tão apagado sem falar do núcleo gótico que beira ao ridículo em algumas vezes. Realmente, não vejo a hora de estrear o remake de Ti Ti Ti pelas mãos de Maria Adelaide Amaral.
Apesar da trama não ter emplacado, foi praticamente impossível não se lembrar das aulas de Política da Comunicação na faculdade quando começaram a pipocar informações sobre a novela. Um dos temas abordado na disciplina, muito bem lecionada pelo professor Pablo Laignier, é a questão do panóptico, termo utilizado para designar um centro penitenciário ideal desenhado pelo filósofo Jeremy Bentham em 1785 que permite a um vigilante observar todos os prisioneiros sem que estes possam saber se estão ou não sendo observados. O nome aplica-se também a uma torre de observação localizada no pátio central de uma prisão, manicômio, escola, hospital ou fábrica. Aquele que estivesse sobre esta torre poderia observar todos os presos da cadeia (ou os funcionários, loucos, estudantes, etc), tendo-os sob seu controle. Esse termo também é utilizado na obra Vigiar e Punir, de Michel Foucault, para tratar da sociedade disciplinar, e pelos teóricos das novas tecnologias, como Pierre Lévy e Dwight Howard Rheingold para designar o possível controle exercido pelos novos meios de informação sobre seus usuários.
Agora, diga a verdade. Não parece que estamos sendo sempre vigiados. É câmera em tudo o que é lugar: no elevador, no ônibus, nas ruas em meio ao trânsito corrido, no computador, no celular... Sem falar no Big Brother que é um verdadeiro exemplo do panóptico do século XXI. Cuidado até ao ligar a webcam com um desconhecido já que nunca se sabe onde seu vídeo vai parar. Antigamente o medo de se perder um celular era ficar sem a agenda de contatos, hoje a preocupação é saber em que site do exterior irão parar as fotos da sua namorada de biquíni. Então, vamos ligar a câmera?
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